Gilberto Dimenstein em 31/01/10
Quem se deparar com Mário Gatica, óculos escuros, terno preto, alto, musculoso, lutador de artes marciais, cuidando da segurança de uma casa noturna da rua Augusta, jamais poderia imaginá-lo professor de filosofia de escola pública.“Gostaria apenas de dar aulas” – apesar de algumas vezes ele se sentir mais vulnerável fisicamente dentro de uma escola do que evitando brigas ou assaltos na madrugada.
O magistério é seu grande projeto desde a adolescência, mas se vê obrigado a complementar sua renda na noite. Na condição de temporário, ele passou na prova de conhecimentos aplicada pela rede estadual de São Paulo: 40% dos candidatos foram reprovados, mesmo com o benefício de usar o tempo de serviço como parte da nota.
Muitas gorjetas superam o que ele recebe por hora em sala de aula – o que acabou interessando colegas na escola. Professoras pediram um bico de garçonete.
Mesmo que não fosse dublê de segurança e professor, Mário, que se graduou em história e está no último ano de uma faculdade de filosofia, seria uma raridade. É o que se vê num alarmante levantamento com jovens brasileiros sobre os desejos profissionais.
Idealizada pela Fundação Victor Civita e realizada pela Fundação Carlos Chagas, a pesquisa integra um relatório sobre a atratividade da carreira do professor. As entrevistas foram focadas apenas em jovens que estão concluindo o ensino médio e estão decidindo sua carreira: apenas 2% deles querem ser professores.
Entre os que estão nas escolas privadas, a taxa cai para próximo de zero. Suas opções são, pela ordem, direito, engenharia, e medicina.
** Trecho da coluna publicada no jornal Folha de S. Paulo
Para conferir a pesquisa completa, acesse: www.catracalivre.com.br
A pesquisa entrevistou 1.501 alunos, de 3º ano, de 18 escolas públicas e privadas do Brasil.
- A pesquisa revelou que somente 2% dos alunos do Ensino Médio têm a pedagogia ou alguma licenciatura como opção principal no vestibular.
- Uma das descobertas mais alarmante da pesquisa é que os futuros professores são recrutados entre os alunos com piores notas no Ensino Médio.
- Um terço dos jovens entrevistados (32%) pensou em ser professor, mas desistiu.
- As principais razões para a baixa atratividade da carreira docente no Brasil são: profissão é desvalorizada socialmente, é mal-remunerada e a rotina é muito desgastante.
domingo, 31 de janeiro de 2010
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VIVA A LUTA DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO. POIS ESTÁ CLARO QUE DEVEMOS LUTAR PARA AUMENTAR A CONSCIENCIA DE CLASSE EM NOSSA PROFISSÃO,SOMENTE ASSIM PODEREMOS SER EXEMPLOS E ENCORAJAR A JUVENTUDE.AGORA O QUE DIZER DAQUELES QUE COMANDAM O PAÍS? JAIR PENA
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